Para citar esse texto:
GUERRA, Lucas. CONFERÊNCIA DE BANDUNG. Debates Pós Coloniais e Decoloniais, 24 abr 2020. Disponível em: https://decoloniais.com/conferencia-de-bandung/ Acesso em: *inserir data*
Nessa data, há exatos 65 anos, a Conferência de Bandung chegava ao seu fim. Ocorrida entre os dias 18 e 24 de abril em Bandung, na Indonésia, a Conferência foi a primeira grande reunião de países independentes do Terceiro Mundo. No total, estiveram presentes representantes de 29 países da Ásia e da África, em sua maioria recém-independentes. Contando com a presença de lideranças emblemáticas, como os presidentes Sukarno (Indonésia) e Gamal Abdel Nasser (Egito) e os primeiros-ministros Jawaharlal Nehru (Índia) e Zhou Enlai (China), a Conferência de Bandung foi um importante espaço de afirmação política dos países do Terceiro Mundo.
Ali, os países africanos e asiáticos evidenciaram que tinham uma visão própria e compartilhada de mundo, independente da de suas antigas metrópoles e divergente da cisão bipolar que à época dividia a geopolítica mundial entre EUA e URSS. Nesse sentido, o “espírito de Bandung” foi precursor do que mais tarde viria a ser o Movimento dos Países Não-Alinhados (MNA).
Desde Bandung, se afirmaram os princípios de uma política internacional terceiro-mundista, mais concentrada na solidariedade anticolonialista, antirracista, contra o neocolonialismo e pela superação das desigualdades políticas e econômicas internacionais do que em se inserir na geopolítica estabelecida pelas Grandes Potências da época.
A Conferência de Bandung (1955) foi encerrada com uma Declaração de Dez Princípios pactuados entre as lideranças presentes no encontro, afirmando a coexistência pacífica, a igualdade entre todas as raças, povos e nações, o respeito à soberania e ao direito internacional, o direito à autodeterminação e o incentivo à cooperação entre si.
Assim, entendemos a Conferência de Bandung como precursora do que atualmente concebemos como processos de Cooperação Sul-Sul e demais movimentos de autoafirmação e emancipação no Sul Global. Por isso hoje, celebramos o sexagésimo quinto aniversário da Conferência e todas as iniciativas emancipatórias, anticoloniais e pós/decoloniais que surgiram e seguem sendo influenciadas pelo “espírito de Bandung” desde então!
Para mais sobre a conferência, confira:
GUITARD, Odette. Bandung y el despertar de los pueblos coloniales. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1962.
PHẠM, Quỳnh N.; SHILLIAM, Robbie (Ed.). Meanings of Bandung: Postcolonial orders and decolonial visions. New York: Rowman & Littlefield, 2016.