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GLOSSÁRIO DE(S)COLONIAL

AFASIA COLONIAL

Cunhado por Ann Laura Stoler, o conceito corresponde à dificuldade dos europeus em responder diretamente ao que está evidentemente presente, isto é, as inegáveis violências (re)produzidas no contexto da colonização. Stoler cria o conceito para refletir sobre as obras de arte africanas que estão em museus europeus.

ANTI-IMIGRANTISMO

Conceito criado pela cientista política Roxane Doty, que define a prática política anti-imigração de Estados ocidentais reproduzida contra imigrantes de países do Sul Global, representados como ameaças à identidade, segurança e unidade nacional. Doty afirma que a prática anti-imigrante é uma política feita com base na diferença racial, representando uma forma de identificar o racismo contemporâneo traduzido pela prática de violência contra imigrantes categorizados por critérios raciais.

APOROFOBIA

Aversão, rejeição ou discriminação à pobreza ou aos pobres. Hostilidade para com os desfavorecidos. Pode ser vista na arquitetura e planejamento urbano das cidades, revolta à doações e políticas públicas direcionadas aos economicamente vulneráveis. 

COLONIALIDADE TERRITORIAL

Criado pelo sociólogo cubano Yasser Farrés Delgado, esse conceito chama atenção para a reprodução da hegemonia ocidental na concepção e divisão de espaços a partir de modelos arquitetônicos e urbanos globalizados.

CONTRACOLONIALISMO

Proposto pelo escritor quilombola Antonio Bispo dos Santos, é definido como um termo afro-pindorâmico, ou seja, une pontos em comum entre pensamentos e culturas dos povos originários e  povos africanos. O termo infere que não há como decolonializar quem não foi efetivamente colonizado, uma vez que os povos originários e quilombolas sequer foram incluídos na sociedade colonizada.

DECOLONIALIDADE

Proposta teórica da América Latina para a América Latina, que critica o eurocentrismo do debate pós-colonial e busca se libertar das atuais dominações coloniais. Denuncia que a colonialidade é a outra face da modernidade, que opera às escuras e permite a manutenção do padrão mundial de poder.

EPISTEMICÍDIO

Aniquilamento da sabedoria de grupos não-ocidentais. Projeto político que busca a destruição de conhecimentos, vivências, saberes e culturas de povos subjugados com a imposição do embranquecimento cultural.

FEMINISMO DECOLONIAL

Corrente de pensamento que busca relacionar questões de gênero, sexualidade e raça, a partir de um olhar do Sul Global. Enxerga-se que a colonialidade do poder opera dentro de um sistema moderno colonial pautado por hierarquias de gênero.

FUTURISMO INDÍGENA

Esta vertente busca honrar o passado, viver o presente e pensar possibilidades de futuro a partir de cosmovisões indígenas. São considerados os valores e o conhecimento de povos originários para reestruturar uma visão de futuro diferente da violenta Modernidade/Colonialidade do homem branco europeu.

HISTORICISMO SUBALTERNO

Vertente filosófica cunhada por autores de Estudos Subalternos em contrapartida ao historicismo clássico. Propõe-se a questionar a lógica de que o capitalismo resulta em relações burguesas de poder hegemônicas globais sem levar em conta diferenças culturais e linguísticas.

IMPERIALISMO

Conjunto de políticas autoritárias e expansionistas que visa a dominação territorial, cultural, política e econômica de um império sobre outros territórios. Inerente ao sistema capitalista, utiliza o colonialismo como uma das ferramentas para a exploração dos povos subjugados.

NECROPOLÍTICA

Cunhado por Achille Mbembe, o termo denuncia o valor diferenciado das vidas “Outras” em um sistema capitalista. Trata-se de uma política sobretudo da morte, isto é, de fazer morrer e deixar viver, compreendida a partir de uma reflexão pós-colonial sobre o conceito de biopolítica de Michel Foucault. 

NEOCOLONIALISMO

Variante do colonialismo que surge após os processos de independência das ex-colônias, visando impedir a total decolonização das mesmas. Nesta prática, o controle não se dá exclusivamente pelo uso da força, funcionando, na maioria das vezes, através da influência/coerção cultural, política e econômica.

NACIONLAISMO ANTI-COLONIAL

Movimento de disputa por soberania dentro de uma sociedade colonial que antecede a tomada do poder político. Tem como base a defesa dos elementos essenciais da identidade cultural dos colonizados e a criação de uma cultura nacional moderna, mas não ocidental, ou seja, sem pretensões universalistas.

ORIENTALISMO

Ressignificado por Edward Said, esse termo denuncia o projeto de dominação do Ocidente sobre o Oriente pela (re)produção de discursos racistas sobre povos orientais. Classificados como “exóticos” e “perigosos”, esses imaginários orientalistas retiram a agência desses povos para falar sobre si mesmos.

PITORESCO

Adjetivo ressignificado a partir de pinturas e relatos de viajantes que busca caracterizar os espaços coloniais como exóticos, em que a paisagem é descrita como visualmente agradável e a população como serena e mansa. A estética a serviço da violência colonial.

PÓS-COLONIALISMO

Vertente teórica que busca chamar atenção para a permanência das relações de poder coloniais mesmo após a independência de países colonizados.

PROVINCIALIZAR A EUROPA

Conceito criado por Dipesh Chakrabarty para apontar como ideias guiadas por uma lógica situada e particular, a europeia, tornaram-se universais, embora tenham saído de um espaço e tempo específicos, influenciadas por tradições históricas e intelectuais.

 

SISTEMA-MUNDO

Conceito pós-marxista que entende o sistema internacional a partir da segregação do mundo entre países centrais e países periféricos. Essa separação se reflete na divisão internacional do trabalho que aprofunda as desigualdades entre eles e reforça o domínio dos países centrais.

SUL GLOBAL

Referência aos países que estão localizados na periferia do sistema internacional, em oposição aos países centrais. Projeto político que reivindica uma comunidade internacional livre dos legados do colonialismo, um mundo mais justo e igualitário em que impere a solidariedade internacional.

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Debates Pós-Coloniais e Decoloniais

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